No corpo as mãos em movimento, o
gesto circular do tempo
que em dedos se desfaz como pétalas
que caem aos primeiros ventos
e naufragam na crua pedra
angular da rua.
Devasso percurso de entorpecidas memórias
desenham agora,
repetidos gestos redondos, uniformes,
que descrevem fabulosos
regimentos, de sibilantes
segredos que no escuro
de um momento ficaram, etéreos,
no limiar de um toque,
de um abraço reprimido,
de um olhar sufocante
que a voz do vento
agora traz, em resquícios de um aroma
quase esquecido
que um dia, em magoadas
bocas, sucumbiu.
Agora outros dedos atravessam
o silêncio, e o teu mundo jaz
nas fotografias desbotadas
de um álbum perdido de um
sótão, numa caixa qualquer.
E o medo do desejo de te acordar
já não me assalta... nem o impulso
de novamente te reinventar.
Metallica- Nothing Else Matters
Foto: Autor desconhecido
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