Sexta-feira, 30 de Outubro de 2009

Outras vezes...

 

 

Foi neste Outono, nesta estação triste,

metáfora de recordações de

tempos ídos, onde nos

descobrimos, tão sós,

levados tão dóceis pela

arquitectura das palavras, numa

geometria de sentidos, que

talvez os adivinhássemos longe,

perdidos...mas o crepúsculo

vermelho que ainda o céu conserva

mergulhou-nos na matéria efervescente dos segredos,

e o tom rubro dos fins de dia

lançou-nos no engodo

de momentos, onde vestígios

de nós se espalharam

em estilhaços  de

imagens sem cor.

Foi, neste Outono

que viajamos por inóspitos lugares,

num desejo de verdade

que definhou ainda na

incubadora da fútil realidade, e

agora, de olhos a descoberto

vejo com um prazer ambíguo,

apagar-se tudo o que

ainda ontem em nós ardia.

 

Manu Chao - Me llaman Calle - do filme Princesas

Foto: Graça Loureiro

publicado por Sara Rocha às 10:43
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Sexta-feira, 23 de Outubro de 2009

Memórias de mim

 

 

A noite tecia palavras de silêncio

as paredes vazias

recordavam-me a tua ausência,

mas, a tua perene presença em mim

gritava-te arrebatada , rouca, cansada.

No amargo desespero de não poder

...monologava com o medo, 

num imenso pavor de nunca mais te ver.

Pernoitava no meu corpo fraco, 

na consciente fealdade de mim,

que cada dia sentia mais óbvia.

Iria ao teu encontro,

mas já não me reconhecia nas fotografias,

nas quais tu me sabias

bela, feliz...

os meus cabelos caíam, como as folhas mortas

que varriam a rua nesses dias, e os outros ,suspensos por

um fio de tempo,

diziam-me para ficar.

Partir seria tudo esquecer, e eu,  tudo o que queria

nesses tempos era viver, viver e poder

ser, a que tinha sido.

Recusava o óbvio presente  cruel, que

via, como um

punhal que me esmagava no

mais profundo do meu sentir,

e sentir era tudo o que tinha!

Mas, os ângulos escuros do meu quarto,

as minhas veias cansadas,

os meus cabelos no chão,

esmagavam-me,

e na profunda saudade de mim,

murmurava baxinho a nossa canção.

A tua existência, mesmo na desordem das horas

do tempo que foi,

mesmo na mais crua violência da desolação,

foi o resíduo de vida,

foi a âncora que me prendeu ao chão.

 

Sade in By your side

Foto: Autor desconhecido; Galeria Sapo

publicado por Sara Rocha às 16:16
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Sexta-feira, 16 de Outubro de 2009

beijo

 

 

 

Eu não entendo quase nada

e penso torpemente,

mas o teu beijo é belo,

silencioso,

perfeito.

Eu não entendo quase nada,

e prostrada,

impávida no meu leito,

recordo o teu olhar sereno,

a tua sólida frescura,

o secreto anel calado,

a tua tez escura

e a pureza do teu beijo,

que ainda sinto,

docemente.

 

Dee Dee Bridgwater - Ne me quitte pas

Foto: Pereira Lopes

publicado por Sara Rocha às 16:35
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Quarta-feira, 7 de Outubro de 2009

dias sin mi

 

 

La lluvia mojaba las calles de Lisboa.
Las calles largas y sencillas de Lisboa.
El río pasaba
y con el llevaba lo nuestro.
Las sonrisas,
los abrazos,
los tranvías amarillos
que rompían la ciudad
cómo locos
y nos hacían reír…
cómo niños nos reíamos.
Nos reíamos,
porque sabíamos,
sabíamos
que íbamos a llorar
cuando,
la ciudad sin nosotros, fuera
…la ciudad de nosotros.

 

 

David Bowie - Wild is the Wind

Foto: Graça Loureiro

publicado por Sara Rocha às 20:34
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