As paredes do quarto mudaram de cor.
A tinta escarlate, em lascas disformes
transforma-se em pó.
A cortina atada ainda lá está, biombo do tempo
preso com nó.
A guitarra encostada na cadeira, a manta
desgrenhada pelo chão,
as pautas riscadas,
o livro aberto caído no tapete.
O relógio tombado,
na sua altivez forçada
de ponteiros lentos, em
vão persiste, no perpétuo
movimento de um compasso.
E no leito,
ainda as marcas do desejo...
despojos de momentos tão sonhados...
repousa a lúcida vontade de esquecer.
Video: Youtube - David Gilmour "Je crois entendre encore"
Foto: Galeria Olhares - Graça Loureiro
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