Já não era árvore
Já não era vida
Já quase nem folhas
e flores há muito não via.
Apenas fractais de ramos
que em noites de inverno
o vento tolhia.
O verde saiu
e um requiem de dias
e largos Outonos
manchava-a de dor.
Amarga a terra a comia.
E uma manhã sonhou.
Sonhou...
livre e desenterrada
voou,
voou céu adentro
e a lua impávida assistia,
pálida na noite viúva
chorava,
o fim de uma solidão partilhada
temia.
E nesse dia o tempo a levou
e o escravo lamento
da árvore cansada,
por fim acabou.
Fotografia: Sebastião Adão Soares - Galeria Olhares
Musica: Natalia, Charles Moustaki
Video: Youtube
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