Quarta-feira, 28 de Julho de 2010

ZÉNITE

 

 

Nada mais, nada mais

que um último olhar.

A censura

do indomável azul,

escorre do céu 

e desenha obstinada,

o perfil esguio de um tempo

debruado de negro. Sacode

da luz zenital,

 um murmúrio de mim, que

num contorno quase terno,

esconde,

inseguro,

uma imensidão de vida.

Um último olhar,

devassa a escassez

do tempo, que

de asas fechadas

já não provoca

a mestria de um

despojado lamento.

Nada mais, nada mais

que um movimento de mão

que desenha, lento,

num monólogo de formas,

a crueldade de um sentir

sem paixão.

E um uivo de vento,

acorda a memória

quase límpida

do teu indomável olhar,

que a lucidez do tempo

escureceu. E agora,

no desalento de tudo,

dançam dedos que se cansam, pouco a

pouco, na lenta escrita

dos desejos de um último olhar.

 

 

Fotografia: JPM

Música: Recuerdos de Allambra, por Pepe

 

 

 

 

 

publicado por Sara Rocha às 20:26
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